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Aos poucos, tatuagem começa a deixar de ser um tabu no mercado

Aos poucos, tatuagem começa a deixar de ser um tabu no mercado

Na foto: Paola Cristine do Nascimento, tatuadora há 12 anos, percebe mudanças: arte (Foto: Franklin de Freitas)

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 Houve um tempo em que alguém ter uma tatuagem era um ato de transgressão extrema, até mesmo um indicativo de que aquele indivíduo teria uma propensão à criminalidade. Nas úlltimas décadas, porém, esse preconceito foi sendo desconstruído e, concomitante. as tattoos passaram a ser vistas como uma forma de expressão artística – tanto do tatuador como do tatuado. E como não poderia deixar de ser, ainda que de forma lenta o mercado de trabalho aos poucos vai se adaptando a essa nova realidade.
Há 12 anos trabalhando como tatuadora, Paola Cristine do Nascimento , de 29 anos, testemunhou de perto as transformações ocorridas nesse meio. Ela conta que quando começou era comum as pessoas procurarem fazer tatuagens mais no antebraço e meia manga para cima, por ser mais fácilde cobrir o desenho.
“Hoje não é mais assim. Pode até ser tatuagem pequena, mas fazem no pulso, no pescoço... Tem menos esse medo de preconceito. Vê muito jogador de futebol também (com tatuagem expostas no corpo), eles ajudaram a derrubar esse preconceito”, afirma a tatuadora, comentando ainda que trabalhos criativos (publicidade, por exemplo) são os que mais e melhor aceitam profissionais tatuados.
“Mas você vê médicos com braço fechado, advogados, pessoal que trabalha com a venda de medicamentos. Está se abrindo uma porta. Ainda tem um bloqueio, mas está se abrindo”, complementa.

Uma pesquisa feita recentemente pelo Instituto QualiBest reforça ainda essa impressão de Paola. O estudo entrevistou 1.874 pessoas com mais de 18 anos, em todo o país, das classes A, B e C. Aproximadamente um quarto dos entrevistados (27%) afirmaram ter alguma tatuagem, sendo que mais da metade dos tatuados (54%) possuía algum desenho no braço, o que mostraria, de acordo com o Instituto, que as pessoas estão cada vez menos preocupadas em esconder de fato sua arte corporal.
Ainda segundo Paola, aos poucos as pessoas estão enxergando que a tatuagem não tem nada a ver com delinquência, mas com a pessoa expor o que pensa. “É uma obra de arte contemporânea”, argumenta a tatuadora. Consultora e diretora da empresa Leader-HR Consultants, Astrid Vieira concorda.
“As pessoas estão entendendo que a tatuagem é apenas uma arte corporal e sobretudo cultural e que isso não determina a capacidade ou talento de uma pessoa em sua função profissional”, opina Vieira, comentando ainda que a cida é o profissional conhecer a postura da empresa na qual pretende se candidatar, principalmente se tratando de áreas mais conservadoras. “No geral, a flexibilidade e compreensão de ambas as partes pode ser considerado a melhor saída para a situação”, finaliza.

A hora e a vez delas no mercado das tatoos
A tatuadora Paola Cristine do Nascimento conta que quando iniciou carreira no mercado da tatuagem, há 12 anos, eram poucas as mulheres que se aventuravam nesse ramo que, segundo ela, ainda hoje é uma área machista.
“Chegou gente a pegar na minha mão e dizer que eu não tinha mão de tatuadora, os tatuadores homens diziam que era eu que tinha de atender (o telefone), que não podia ser um tatuador. Ouvi muitos esses comentários no início de carreira”, afirma ela, explicando que já nota uma mudança nesse mercado. “Mas ainda tem muito caminho a percorrer. A mulher está muito ligada a tatuagem estética,mas ela pode fazer o que quiser”.
E a própria Paola é um exemplo disso. No Incorpore Arte, evento de tatuagens realizados anualmente em Curitiba, ela foi a vencedora na categoria Comic em 2019. Mesmo a categoria sendo predominantemente masculina, as duas primeiras colocadas foram tatuadoras.
“Foi o primeiro concurso em Curitiba que ganhei. Tentei várias vezes, nunca desisti. Aos pouquinhos fui aprendendo, me profissionalizando, e ganhei ano passado. Mais importante ainda foi no ano anterior, quando tirei segundo lugar, porque ali eu vi que dava (para ganhar). Foi muito emocionante, como se eu estivesse lavando a honra. Fiquei muito feliz. E no dia que ganhei era eu e mais uma menina no meio de um monte de homem.”

Convenção do setor acontece no próximo fim de semana
Acontece no próximo fim de semana a 8ª edição da convenção de tatuagem “Incorpore Arte Tattoo” no Paraná Clube na Av. Kennedy nº 2377. Serão 180 expositores com uma expectativa de público de sete mil pessoas. É o evento mais importante da cultura da tatuagem em Curitiba, promove à exposição dos trabalhos de profissionais da região metropolitana, outros estados como São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e países da América latina.
O evento contará com o tradicional concurso de tatuagem com as categorias e séries: Oriental, Comics, New School, Old School, Realismo, Preto & Branco, Colorido, Tribal, Costas e finalizando com a premiação da melhor tatuagem do evento.
Entre os destaques das atrações, serão realizados dois concursos de beleza a “Garota Pin Up” dia 14 às 20 horas, e a “Diva Tattoo” dia 15 às 20h, expandido as diversas linguagens artísticas relacionadas à tatuagem ligando a moda, música, história, universo vintage e as new pin ups, respeitando o talento e a qualidade individual de cada participante.
Os ingressos para sexta e sábado custam R$10,00 (inteira) e R$5,00 (meia) e no domingo, R$15,00 (inteira) R$7,50 (meia), à venda na bilheteria. O evento acontece das 12 às 21 horas nos três dias.

Do Bem Paraná 

Por - Rodolfo Luis Kowalski

Na foto: Paola Cristine do Nascimento, tatuadora há 12 anos, percebe mudanças: arte (Foto: Franklin de Freitas)

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