Estrada do Colono desmataria 20 hectares do Parque Nacional do Iguaçu
Afirmação do o Ministério Público Federal (MPF)
A reabertura da Estrada do Colono, que passa pelo Parque Nacional do Iguaçu, no oesten e sudoeste do Paraná, causaria desmatamento de 20 hectares, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF). Essa área foi regenerada ao longo dos últimos 16 anos, desde o fechamento do caminho por uma decisão judicial, segundo a promotoria.
Na semana anterior, membros do MPF sobrevoaram de helicóptero a área da antiga estrada para levantar informações para instruir um inquérito civil que apura a possibilidade de reabertura do caminho, entre Serranópolis do Iguaçu e Capanema.
Em agosto, moradores da região relataram para deputados estaduais em audiências públicas que a ligação entre as cidades aumentou para mais de 100 km com o fechamento da estrada.
Na averiguação, o MPF informou que houve dificuldade de localizar a área da antiga estrada, devido ao completo estado de regeneração da floresta e que da antiga estrada resta apenas uma cicatriz em meio à floresta.
Para o MPF, a reabertura da Estrada do Colono, além do desmatamento, também provocaria outros danos ambientais, como:
- A ruptura do ecossistema, com o consequente isolamento de animais, pois algumas espécies não atravessam áreas desmatadas;
- Erosão e assoreamento de cursos d’água; o chamado efeito de borda, que consiste na alteração nas condições microclimáticas (temperatura, umidade, insolação, vento etc.) e produz grande desequilíbrio no bioma como um todo;
- Morte de animais por atropelamento;
- Difusão de doenças e contaminação biológica devido ao tráfego de veículos e de pessoas;
- Risco de degradação ambiental por acidentes de trânsito dentro do Parque, com o consequente vazamento de combustível;
- A facilitação da presença de pescadores, caçadores e palmiteiros.
Um projeto de lei federal, que está tramitando, tenta criar no antigo leito da via a Estrada-Parque Caminho do Colono. Conforme o MPF, não existe a possibilidade de uma estrada ser ecológica e a criação da estrada-parque tem como consequência a perde da parte do território do parque.
Isso, segundo a promotoria, representaria um grande retrocesso na preservação do meio ambiente. Em maio deste ano, o presidente Jair Bolsonaro disse que se dependesse do governo federal o caminho poderia ser reaberto.
Fonte: G1 Paraná