No Paraná, apenas 15% dos vereadores eleitos são mulheres
A Câmara de Curitiba: poucs mulheres eleitas (Foto: Franklin de Freitas)
Apesar das cotas de gênero, a representação das mulheres na política brasileira segue muito abaixo do porcentual do eleitorado feminino do País. Nas eleições municipais deste ano, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apesar das mulheres representarem 52,5% do eleitorado, apenas 16% das câmaras de vereadores terão as terão em sua composição, um aumento porcentual de apenas 2,5% em relação à disputa de 2016. Das capitais, apenas uma, Palmas (TO), elegeu uma mulher prefeita, Cinthia Ribeiro, do PSDB.
No Paraná, dos 4.644 vereadores eleitos nos 399 municípios do Estado, apenas 579, ou 15% são mulheres. O resultado representa um aumento de apenas pouco mais de dois pontos porcentuais em relação às eleições de 2016, quando houve 447 eleitas, ou 12,3% do total de vereador eleitos.
Quase uma em cada cinco cidades brasileiras – ou 931 municípios (17% do total) – não elegeu nenhuma vereadora neste ano. E quando se inclui o recorte racial o quadro fica mais assustador: mesmo sendo o maior grupo demográfico do país (28%), as mulheres negras não estarão representadas em 53% das câmaras municipais do Brasil, conforme levantou a Gênero e Número.
Mesmo a obrigatoriedade dos partidos repassarem às candidaturas femininas 30% dos recursos do fundo eleitoral e de um valor proporcional para as candidaturas negras na medida de sua apresentação (que foi de aproximadamente 50%) ajudou a mudar esse quadro. Segundo com a plataforma 72 horas, os partidos destinaram 74,1% dos recursos de Fundo Partidário e Fundo Eleitoral para candidaturas masculinas, sendo 63,2% para pessoas brancas.
Laranjas
Ao se comparar investimentos no âmbito nacional sob o recorte de gênero e raça, para cada R$ 1,00 investido nos homens brancos, as mulheres negras receberam o correspondente a R$ 0,08. Além disso, as mulheres negras formam o maior grupo (39%) de pessoas com 0 a 2 votos nas Eleições 2020, seguidas pelas mulheres brancas (27%), o que gera suspeitas de lançamento de candidaturas “laranja” pelas legendas, apenas para cumprimento forma das cotas.
Essa suspeita aumenta pelo fato de que mais de 5 mil candidatos não receberam nem um voto sequer nas eleições municipais de 2020, sendo 65% mulheres. Isso aconteceu apesar de as candidaturas femininas representarem apenas 33% do total de candidatos.
Os partidos começaram a aumentar o número de candidaturas de mulheres após a minirreforma eleitoral de 2009. A emenda tornou obrigatória a cota de, no mínimo, 30% para candidaturas de mulheres em eleições para o Legislativo. Antes disso, uma lei previa a reserva de 30% das vagas para as mulheres, mas os partidos deixavam essas vagas vazias.