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Sem verba pública, campanhas serão bancadas por milícias, igrejas ou o tráfico, provoca Lira

Sem verba pública, campanhas serão bancadas por milícias, igrejas ou o tráfico, provoca Lira

O presidente da Câmara defendeu a utilização do fundo eleitoral e negou que a projeção de valor chegue a R$ 5,7 bilhões

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O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defendeu a utilização do fundo eleitoral para bancar as campanhas de 2022, negou que a projeção de valor chegue a R$ 5,7 bilhões e questionou como seria a forma de financiamento da política sem esse tipo de recurso.Em entrevista à Globonews, ele lembrou que, com restrição ao financiamento privado, sobraram apenas os recursos públicos para pagar as campanhas eleitorais. “A primeira discussão é essa. Nós temos outra maneira de financiar a política e a democracia no Brasil? Nós temos como manter a democracia sem um sistema claro?”, disse.

“De onde virão os financiamentos se por acaso nós não tivermos recursos suficientes? Talvez das milícias? Talvez do tráfico? Talvez das influências das igrejas? De alguns outsiders e personalidades que estão de maneira momentânea ou tangencial participando da política? Essa é a discussão que tem que ser feita”, afirmou Lira.

O valor do fundão pelos critérios do projeto aprovado pelos parlamentares se aproxima de R$ 5,7 bilhões, segundo projeção feita por técnicos da Casa a partir das regras fixadas -25% da verba da Justiça Eleitoral em 2021 e em 2022, além de uma parte das emendas de bancada estaduais.Após uma sequência de críticas, Jair Bolsonaro mudou seu discurso e afirmou que deve vetar só um “excesso” de R$ 2 bilhões do fundão eleitoral. Sinalizou aceitar uma quantia próxima de R$ 4 bilhões — que já dobraria a verba pública anterior para esse tipo de financiamento. Ele não explicou como pretende realizar a operação.

O presidente da Câmara defendeu que nada foi definido ainda sobre a quantia do fundo eleitoral e que a regra aprovada visa promover as eleições “com transparência” e “com fiscalização”.Ele disse que a eleição de 2022 será mais ampla que a de 2020 e criticou “alguns que fazem discurso fácil” e que “têm financiamento privado de pessoas físicas, milionárias, que têm um projeto de poder também e que financiam esses grupos”.

Lira negou que a projeção do fundão alcance R$ 5,7 bilhões. “Se nós formos levar à luz da realidade do que foi o Orçamento de 2020, de 2021, da Justiça Eleitoral e fizermos o uso do indexador de 25%, o fundo não passaria de R$ 4,3 bilhões, R$ 4,4 bilhões, nunca de R$ 5,7 bilhões”, afirmou.“Foi feita uma projeção em cima de um possível Orçamento que fosse aprovado para o TSE em 2022 para se chegar a esse número”, justificou.Segundo ele, os valores só serão definidos com exatidão na votação do Orçamento, que deve ocorrer em novembro ou dezembro.Ao mudar seu discurso e sinalizar apoio a um fundo eleitoral no patamar de R$ 4 bilhões, Bolsonaro alegou que, do contrário, poderia incorrer em crime de responsabilidade.


Voto confiável
Lira foi questionado sobre a adoção do voto impresso no Brasil, bandeira de Bolsonaro, e afirmou que não pretende entrar “nessa briga de dizer que o sistema não é confiável”.“O sistema é confiável, mas, por confiável que seja, eu não vejo dificuldade que ele tenha algumas regras de auditagem para que se confirme a realidade das urnas e se afastem as versões”, disse. “Se essa versão existe, ela seria esclarecida simplesmente com auditagem mínima nas urnas eleitorais, de uma maneira compreensiva, de uma maneira factível.

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