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Setor de confecções teve baixo desempenho em 2023 na região

Setor de confecções teve baixo desempenho em 2023 na região

Problema ocorreu em nível nacional e teve reflexos também na região. O setor de confecções tem grande importância na região. Foto: José Fernando Ogura/AEN.

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A cadeia têxtil teve fraco desempenho em 2023 e a indústria do vestuário, um dos elos da cadeia, também teve resultados fracos em 2023. Este segmento é um dos mais importantes na região em termos de valor agregado e geração de empregos. No Sudoeste funcionam 331 empresas que representam 15% do Estado.

Em empregabilidade, no Paraná, em 2023, foram fechados 19.610 postos de trabalho. A produção física de bens semiduráveis e não duráveis teve uma queda de 6,4%. Esses indicadores acabaram retratados no desempenho do comércio varejista de tecidos e vestuário, que teve desempenho menor no volume de vendas.

Em 2023, houve uma queda de -4,6% e o que surpreendeu a todos foi o desempenho de dezembro, com índice negativo -1,4%, justamente numa época em que as vendas deveriam aumentar.

Saldo negativo

Esses problemas também se refletiram na nossa região. A geração de empregos teve saldo em 31 de dezembro de 2023 de 7.258 postos de trabalho.

O saldo foi negativo em sete dos 12 meses do ano. E esse saldo foi superado pelo ano de 2020 – em plena pandemia de covid-19 –, e ficou abaixo ainda dos anos de 2015 (7.557 empregados) e 2016 (7.661), auge da crise econômica nacional, quando só na nossa região 31 indústrias encerraram suas atividades.

No comparativo de 2022 para 2023, tivemos desempenho de -10,27%. Em janeiro de 2024 houve uma leve recuperação nas contratações, com 2,55% na abertura de postos de trabalho que, na realidade foi uma reposição de postos já que em dezembro houve demissões ou desligamentos de trabalhadores porque é um período de baixa produção de confecções. Entretanto, das 340 vagas fechadas em dezembro, foram recuperadas somente 185.

Os empresários vêm se confrontando com outros desafios diários nas atividades, entre eles a falta de candidatos às vagas ofertadas. Percebe-se que em vários setores e não é diferente no setor de indústrias do vestuário. A tendência, conforme disse tempos atrás um empresário de Ampere ao JdeB, é de aumento da automatização das indústrias.

Absenteísmo nas empresas prejudica a produtividade

Nos anos de 2022 e 2023 o Sindicato das Indústrias de Confecções do Sudoeste do Paraná (Sinvespar) realizou estudo sobre o absenteísmo no setor. Foram estudadas dez empresas de diferentes municípios, que representavam, na época, um terço de toda mão de obra empregada. Foi analisado um trimestre no período da pandemia e um trimestre no período pós- pandemia.

Os indicadores de um período estudado para o outro praticamente duplicaram, onde os índices tinham variação entre 1,0% a 5,5% ao mês, em média, mas em 2022 e 2023 as faltas saltaram para 2,5%, chegando a 11,5% ao mês, em média. Foram estudadas oito formas de absenteísmo, mas um indicador ficou claro que a questão gênero feminino, a mãe, tem impacto nesses números, a entender que o setor em 2022 (Rais) possuía 79,15% de mão de obra feminina.

E neste caso, muitas vezes a mãe é que acompanha o filho que precisa de consulta, exame, internação ou doença. Da assessoria e JdeB 

Apesar disso, tais indicadores têm reflexo na produtividade e, por consequência, no desempenho organizacional das empresas. Diante desta situação enfrentada, muitas indústrias aplicaram ações e projetos internos a fim de reduzir os impactos negativos sobre a produção, que, no acompanhamento, têm se mostrado pouco efetivas. Há empresas que oferecem, por exemplo, uma bonificação em dinheiro para que os colaboradores não faltem à jornada de trabalho.

Outros fatores se tornaram impeditivos para o bom desempenho da indústria na geração de empregos, tais como os programas sociais – auxílio emergencial e posteriormente o Novo Bolsa Família, com renda média por beneficiário de R$ 640,00.

Conforme o Sinvespar, os 20 principais municípios produtores de vestuário tiveram aumento exponencial do número de beneficiários e dependentes no Bolsa Família, com crescimento médio entre 40% a 100% entre agosto de 2022 a dezembro de 2022, permanecendo em 2023 e com uma leve redução a partir de setembro de 2023.

Houve uma ligeira queda nesses indicadores, mesmo assim, de acordo com o Sinvespar, tem municípios onde vários setores apresentam dificuldades para contratação de pessoal, porém, com média de 20% da população sendo beneficiária do Bolsa Família, índice acima da média nacional que em janeiro de 2024 foi de 13,7% da população.

Por isso, há escassez de mão de obra e também os altos custos com produção. A indústria de transformação no período de 2017-2021 (PIA-Empresas-IBGE) enfrentou uma alta exorbitante nos custos com a produção, girando em torno de 71%. Boa parte deste aumento ocorreu devido à pressão ocorrida no período de pandemia, com escassez de matéria-prima, de insumos, com baixa produção e produtividade impactada pelo absenteísmo causado pelo vírus e a comercialização não acompanhou os custos, assim, a retração foi é perceptível e ainda dá poucos sinais de estabilidade nos custos.

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