Aos 67 anos, o radialista Hélio Alves, ex-vereador, ex-prefeito de Ampere, promotor de eventos da cultura gaúcha, ex-mecânico, é diretor das rádios Ampere AM e Interativa FM, e não para. Agora lançou um CD de músicas gaúchas e vai lançar um livro com a história da sua vida. Gosta de música gaúcha, de comandar programas na Rádio Ampere, de entrevistar as pessoas, desde autoridades até as pessoas mais simples e que carregam histórias pessoais e sobre a colonização do Sudoeste do Paraná. 

As últimas iniciativas de Hélio são o lançamento de um CD com músicas gaúchas e um livro que vai contar a sua história, desde criança em Salto do Lontra, sua vinda para Beltrão e sua transferência para Ampere, no começo da década de 1980. Hélio tem uma ligação íntima com a música. Na década de 1970 e 1980 ele cantava em eventos e programas de rádio.

“A música faz parte da minha vida, comecei cantando em rádio, aqui em Beltrão, nos anos 70, e também tive a oportunidade de entrar no rádio através da música, eu cantando na Rádio Princesa e depois na Rádio Educadora, junto com o professor Inácio Pietkoski, um senhor cego que hoje está com 90 anos, que mora em Erechim. Tive a oportunidade com o seo Domingos Bertaioli, porque como eu fazia programas na Rádio Educadora, ele me mandou pra Rádio Ampere [o Grupo Educadora tinha comprado a emissora], então foi através da música que eu entrei no rádio e também através da música que eu fiz centenas de amigos por esse Brasil a fora, tanto na linha sertaneja, como na gaúcha, mais na música gaúcha do Rio Grande que a gente tem um contato maior com todos os conjuntos gaúchos e cantores, tanto é que o grupo Os Monarcas me deu o privilégio de cantar uma música comigo e nesse CD tem também a participação do João Pedro Cluzeni, aqui de Francisco Beltrão, do professor Antonio Araí, que tem o seu estúdio. A gente fez exatamente 40 anos de rádio e 40 minutos de música, as 14 músicas dão exatamente 40 minutos.” 

Como foi o trabalho

Foram confeccionadas mil cópias, nesta primeira etapa. Mas há possibilidade de confeccionar mais cópias devido a parceria que Hélio tem com a gravadora de Fortaleza (CE). Foram incluídas músicas de José Mendes, Adelar Bertussi, Teixerinha, Luiz Morais, entre outros. As gravações foram feitas no estúdio de Antonio Araí, em Francisco Beltrão, com a participação de João Paulo Cluzeni (acordeon), Henrique Soares (violão e contrabaixo) e Edvan Marquioro (mixagem). Há canções em ritmo de xote, valsa, guarânia, toada, vaneira e marchinha.

“As músicas que eu escolhi são as que eu gostava, Picasso Velho, conversei com a esposa do José Mendes, a dona Isabel, que autorizou; Morena Faceira, conversei com o pessoal do antigo conjunto do Leonir, que é o compositor, do Luiz Moraes; Rosa Branca, o Xote da Saudade; nós também conversamos com a família do Teixeirinha pra gravar a música, fizemos o Hino do Gaitaço, que tem o Leandro, de Porto Alegre, que gravou. Então escolhi algumas músicas ao meu gosto e procurei fazer um trabalho profissional para que as pessoas possam ouvir e gostar, e graças a Deus, o pessoal tá gostando muito, eu não fiz pra comércio, fiz pra comemorar, por isso estou entregando para todos os meus amigos, todas as emissoras, porque a música alegra o coração das pessoas, onde tem música não pode haver maldade.”

Tem canções diferentes, entre elas o xote Floriando na 48, composição Eric Veng, e o Hino do Gaitaço, de Neri Lara, o Braseiro. “Essa música ([Floriando na 48], tem um menino que mora lá em São Bento do Sul, de 10 aninhos, o Éric. Ele participou de um projeto com Os Monarcas, o projeto é deles, de novos talentos, que o João Pedro aqui de Beltrão também participou, e esse menino é muito querido, toca muita gaita e eu convidei o pai dele pra que deixasse colocar no CD, e a composição é dele, Floriando na 48”.

A outra música é Hino do Gaitaço, do Neri de Lara. “Eu ajudei o Neri, ele morou muito tempo em Beltrão e hoje mora em Chapecó. Ele fez uma parte da letra e eu fiz outra, é uma homenagem a todos os gaiteiros que participaram do nosso Gaitaço em Ampere, que é o maior do Paraná, e quem gravou essa música foi o cantor Eliandro Luz, de Porto Alegre; além disso, tem Morena Linda, que é da Família Bertussi, Mocinho Aventureiro, que as meninas do Teixeirinha concordaram que a gente gravasse.” 

Trabalho “eterno”
Hélio deve fazer uma live de lançamento, pelas redes sociais, mais adiante. Por enquanto, ele faz live dentro do estúdio da sua casa, em Ampere, todo domingo de manhã, mas exclusivo com músicas do CD. “Vamos deixar o pessoal só ouvir. Isso aqui é eterno. Acredito que quando eu partir, acredito que daqui uns 30 anos – tô com 67 –, deve ficar isso, porque a gente fez com carinho. Vai ficar pra história de netos, bisnetos e amigos.”

Texto e foto Flavio Pedron Jornal de Beltrão